Wednesday, November 3, 2010

Roma e a "mala pata"

Cada vez estou mais certa de que o nosso estado de espírito influi muito na hora de desfrutar de uma viagem. Infelizmente, ao chegar nos primeiros pontos turísticos de Roma, já não havia humor que aguentasse tanta "mala pata", como diriam os espanhóis. "Mala pata" é uma expressão que quer dizer falta de sorte e vou explicar porque nos encontrávamos assim naquela viagem.

Quase na hora de ir para o aeroporto eu decidi comprar umas coisinhas numa perfumaria perto de casa. Ao passar no caixa, tive o meu cartão recusado. Como eu não tinha dinheiro, tive que deixar os meus produtinhos e ir até um caixa eletrônico. Para a minha surpresa, não consegui sacar dinheiro. A coisa ficou pior quando descobri que o Eraldo tbm não tinha nada de dinheiro e tbm não conseguia acessar seu dinheiro do banco. Imagina o nosso desespero... Ligando para o Banco do Brasil descobrimos que o problema era com a bandeira visa e que conseguiríamos sacar dinheiro com um cartão mastercard. Felizmente, tínhamos um cartão dessa bandeira e, então, pudemos resolver o nosso primeiro problema. Desse sufoco aprendemos que nunca se deve confiar nos cartões de crédito quando estiver em terras distantes.

Seguimos para o aeroporto felizes, pois tínhamos muita vontade de conhecer Roma, a cidade eterna. Chegamos cedo, jantamos e fomos para a sala de embarque com bastante antecedência. Ao chegar na sala, nos sentamos de costas para o portão de entrada do nosso vôo. Alguns minutos depois percebemos uma porção de gente olhando atentamente para o portão. Vou explicar o porquê. É que para embarcar no vôo de nossa companhia (ryanair) sem pagar por excesso de bagagem, só se pode levar uma bagagem de mão com dimensões 55x20x40 cm, o que equivale a uma mala pequena. Para checar as dimensões, a companhia manda os passageiros colocarem suas malas em uma espécie de jaulinha. Se a mala não entrar, paga-se pelo excesso. O problema é que um casal forçou a entrada de uma de suas malas e não conseguia mais tirar a bagagem da jaula. O mais engraçado é que o casal era brasileiro, rs. Depois de uns 5 minutos de tentativa, o Eraldo se comoveu com a situação e resolveu ajudá-los. Depois de mais uns 5 minutos, eles conseguiram retirar a mala e todos da sala de embarque aplaudiram pelo feito. Então, voltamos a nos sentar e iniciamos uma conversa sobre como nós brasileiros somos atrapalhados. Mal sabíamos que teríamos mais uma prova viva disso.

Ainda na sala do aeroporto, de tempos em tempos virávamos para ver se a fila de embarque diminuía, mas ela sempre estava com muitas pessoas. Até que uma hora, nos viramos e vimos que a fila continuava grande, mas já não era para o nosso vôo. O nosso embarque já tinha sido finalizado! Corremos e falamos com os funcionários que, por sua vez, nos disseram que nos haviam chamado algumas vezes :( Eles então contataram a aeronave por rádio e nos disseram que corrêssemos para embarcar. Assim fizemos, passando pela pista dos aviões como desesperados, correndo o risco de sermos atropelados por uma aeronave e levando alguns funcionários a se desesperar, kkk. O problema é que havia uns 6 aviões parados na pista. Qual seria o nosso? Quando finalmente descobrimos, o comissário de bordo já ia retirar a escada de acesso ao avião e, quando nos viu, não mudou de idéia. Nos disse que deveríamos estar na sala de embarque a pelo menos 30 minutos antes da hora de partida do avião e simplesmente não nos deixou embarcar. Mal sabia ele que estávamos lá há mais de 1 hora :(

Bem, não teve jeito, tivemos que pagar para remarcar a passagem para a manhã do dia seguinte e dormir em um hotel no aeroporto. No total, o preço da nossa viagem, que já não sairia barata, dobrou e foi às alturas. No outro dia partimos para Roma. Ao chegar no hotel, o nosso ânimo já não era mais o mesmo. Estávamos cansados e logo percebemos que a nossa acomodação tinha um custo benefício muito ruim.

Eu já tinha ouvido falar que Roma era desorganizada, mas, de verdade, não imaginava tanto. Faltam sinais nas ruas, os motoristas buzinam bastante e o metro é ineficiente, cobrindo apenas uma pequena área da cidade. Nada que para nós, brasileiros que vivemos no Rio de Janeiro, seja novidade. Só não imaginávamos que isso pudesse acontecer na Europa e em um país bem mais rico que o nosso. 

No Coliseu, nosso primeiro monumento, foi que tive a "mala pata", literalmente. Meus sapatos estavam simplesmente esmagando os meus dedinhos - em cima, do lado, nas juntas... Só sobrava o calcanhar. Eu bem que tentei, mas não deu, tivemos que sair à procura de uma loja de sapatos. O problema é que era um domingo e nada estava aberto. Andamos, andamos, e encontramos só uma lojinha chinesa que vendia uns chinelos horrorosos, mas, nos meus pés surrados, eles me levavam aos céus. Como eram confortáveis ;) Detalhe: quando eu viajo, costumo levar as minhas roupinhas mais bonitinhas para ficar bem na foto, mas nesse dia, não foi possível, rs. Tirem as suas próprias conclusões sobre os meus chinelinhos na foto abaixo.



Entramos no Coliseo e apreciamos aquele espetáculo de monumento. Que preciosidade, quanta história por trás daquilo tudo. 



Bem, só não dava para ficar com aquele chinelo a viagem inteira. No dia seguinte, segunda-feira, fui ao centro e comprei um tênis. Mal sabia eu que mesmo o tênis me machucaria o pé em um lugar até então intacto: os calcanhares. Nesse ponto, eu já não podia mais reclamar para o Eraldo. Ele estava pê da vida comigo por eu não ter levado o meu bom e velho tênis de academia para Roma. Continuamos andando por Roma e os meus pés continuaram a doer (isso explica o meu sorriso amarelo em algumas fotos). Como mulher sofre, não?

Além do Coliseo, visitamos as ruínas do Fórum Romano, o Pantheon, a Fontana de Trevi, a Vila Borgese, algumas igrejas e, claro, o Vaticano. A Basílica de São Pedro é lindíssima e merece ser visitada. Surpreendentemente, não se paga para entrar lá. Além dela, muitas outras igrejas nos impressionaram. As duas fotos abaixo são da Basílica. Vejam o tamanho das pessoas em frente ao altar na primeira foto.



O teto da Basílica.



Uma das melhores partes da viagem foi, sem dúvida, comer. Ai como eu queria ter mais fome para aproveitar melhor aqueles dias... Pizzas, pastas, sorvetes, biscoitos, vinhos, tudo que há de bom e que eu adoro, encontrei em Roma. Para melhorar ainda mais, encontramos com o Giuseppe, um amigo da Y! que nos levou para jantar com a sua namorada, a Alessandra. Ambos são uma simpatia só e eu e o Eraldo, mesmo não tendo nenhuma língua em comum para falar com a Alessandra, conseguimos nos comunicar numa boa. Foi uma noite muito agradável! Depois da janta, o casal nos levou para um passeio pelas ruas próximas ao restaurante. Para finalizar, fomos a uma sorveteria. Na opinião deles, é a melhor de Roma. Quem sou eu para discordar? Estava delicioso!




O Giuseppe tbm nos indicou um outro restaurante em que fui só com o Eraldo Luís. Que delícia de lugar e de comida. Giuseppe, serei eternamente grata a vc por essa dica. Eu comi um espaghetti maravilhoso com uma entrada mais que especial e por um preço mais que justo. Silvanet, nesse dia eu só conseguia me lembrar de vc. Te imaginava aproveitando essas coisas boas da Itália. Agora entendo a sua vontade de comer uma pizza inteira só para vc :D Aos que pretendem visitar Roma, o restaurante se chama Trattoria Vecchia Roma (via Ferruccio 12).

Acho que tenho que voltar a Itália para poder apreciar mais essa fabulosa culinária :D

PS: acho que o criador do desenho Bob Esponja plagiou uma obra do museu do Vaticano. Vejam a foto e digam se o Patrick não se parece com essa peça :D  


PS 2: Além das malas patas que já contei, houve outras. Perdemos o ônibus para o aeroporto, esquecemos que a diária do hotel incluía café da manhã e ainda escutamos de um garçom que um simples sorvete era muito caro para nós... Fala sério, é ou não é estar de "mala pata"?  

2 comments:

Sérgio Medeiros said...

Que sorvetão :-)

Unknown said...

Essa história de "jaulinha" para a mala me fez lembra de alguém ;) Em Londres ... e o pior é que tive que enfiar a minha bolsa junto tb .. só pode 1 volume, e a bolsa conta :( Só podia ser brasileiro!!

Agora esse sorvetão eu tb vou ter que experimentar, mesmo se tiver nevando...